Mercado de TI na Austrália

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Esse post é uma extensão de um comentário que fiz recentemente no LinkedIn sobre o mercado de trabalho na área de TI aqui na Austrália. É uma opinião mais focada na minha área de atuação propriamente dita, mas que pode ser extrapolada para outras tecnologias também. Tentei mostrar algumas diferenças entre os anos de 2010 (quando cheguei aqui) e 2014. Alguns termos podem não fazer muito sentido pra quem não vive de tecnologia. Vamos ao comentário:

O mercado Australiano é extremamente dinâmico por dois motivos principalmente:

  1. É muito pequeno
  2. É extremamente sensível à variação cambial

Com isso quando se compara as oportunidades disponíveis em 2010 e 2014 nota-se claramente:

  • Uma diminuição no número de vagas puramente técnicas (programação) em tecnologias mais caras (Oracle EBS, SAP, diversas ferramentas de BI, etc.). Em 2010 o dólar australiano (AUD) comprava 0.78 dólares americanos (USD); em meados de 2012 isso pulou pra 1.09 na media, aumentando muito o outsourcing (Índia e Sri-Lanka principalmente)
  • Um claro aumento em oportunidades em consultorias boutique voltadas à mobile applications. Pelo aumento de uso de smartphones e pela questão de requisitos locais isso foi uma tendência natural
  • Uma mudanca no conceito “profissional de IT”, hoje muito abrangente. Alguém mais focado em vendas que nunca codificou se dá bem como profissional de TI. Um contador com experiência em uso de algum ERP hoje é system accountant. Profissionais originalmente end-users hoje são requisitados como BAs ou SMEs. Ao mesmo tempo o número de vagas em gerenciamento e coordenação aumentou. Pelo aumento de outsourcing existe a busca por profissionais cujos soft skills e capacidade de liderança de times remotos sejam as principais características

Pra quem gosta desse tipo de desafio e consegue se adaptar mais facilmente àessas mudancas de mercado realmente existem oportunidades boas ainda na Austrália. Mas com certeza o mundo se TI hoje aqui é completamente diferente de 4 anos atrás. Certamente o ano que vem o cenário será novamente diferente com muitos projetos cloud (A Austrália está bem atrasada nesse quesito); dólar em 0.90 USD, etc.

Busca Brasileira por Imigrantes Qualificados – parte 1

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Quais motivos fariam um estrangeiro imigrar para o Brasil?

O baixo índice de imigrantes morando no Brasil (vide post anterior); algumas notícias recentes mencionando a busca por imigrantes qualificados, como esta do Miami Herald e a discrepância percentual entre o número de imigrantes morando no Brasil e na Austrália me fizeram tentar responder essa pergunta.

Uma das maneiras de se tentar responder essa questão seria eu citar alguns dos motivos mais comuns que fizeram os brasileiros com os quais eu convivo aqui se mudarem pra cá e, em seguida, tentar fazer um paralelo com um estrangeiro procurando as mesmas coisas em um país diferente:

  • Morar em um lugar mais seguro – Em praticamente qualquer dado estatístico a Austrália se mostra um local mais seguro que o Brasil.
  • Oportunidades de trabalho na área de atuação – Quando apliquei para o visto de imigrante, minha área de atuação era uma profissão em demanda na Austrália, o que implicava em ótimas oportunidades profissionais. Não digo somente bons salários, digo desafios profissionais: projetos interessantes e de vanguarda.
  • Juntar algum dinheiro para voltar ao Brasil (não é o meu caso) – O dólar Australiano é uma moeda forte e aqui se paga bem em certas especializações. Receber salário em dólar Australiano e mandar o dinheiro para o Brasil é uma boa alternativa.
  • Facilidade com o idioma – Inglês é um idioma com o qual muitos brasileiros são familiarizados. É um idioma com uma estrutura gramatical simples e que usa o mesmo alfabeto que o português (alfabeto romando ou latino).
  • Estudar fora – A Austrália tem 3 universidades entre as top 50 no mundo.

Se eu fosse um Australiano, nenhum dos itens acima me atrairia. Provavelmente nem mesmo a questão de oportunidades de trabalho, já que pela coluna do Miami Herald as profissões de maior demanda no Brasil (médicos, engenheiros de minas, arquitetos, etc.) são exatamente as mesmas em demanda por aqui.

Os percentuais de imposto de renda no Brasil (27,5%) e Australia (30% na minha faixa de renda) são similares. A questão financeira certamente não me atrairia, já que o salário seria em Reais.

Os imigrantes qualificados que hoje residem no Brasil também me parecem buscar justamente o que eu vim buscar aqui. Por exemplo, 94% dos médicos estrangeiros que atuam no Brasil vieram da Bolívia, Peru, Colômbia e Cuba respectivamente (vide Uol Saúde). E vieram para atuar nos grandes centros do Brasil, onde certamente se paga melhor. Creio que pessoas que têm o Espanhol como língua nativa têm uma facilidade maior de adaptação no Brasil. Além disso, o Real é uma moeda mais valorizada em relação às demais moedas latino-americanas e (apesar de tudo) certamente os grandes centros nacionais possuem uma infra-estrutura melhor que La Paz e Lima.

O aumento do percentual de imigrantes é salutar em todos os aspectos, mas os imigrantes devem vir de todas as regiões justamente pra trazer diferentes experiências e métodos de trabalhos. O número vem aumentando é verdade: em uma pesquisa de dezembro de 2012, a cada 28 novos empregos criados no Brasil, 1 era preenchido com estrangeiro. Mas, baseando-se no número de médicos do parágrafo acima, ainda é pouco e a variedade de países é muito baixa.

Como convencer profissionais cujas profissões estão em demanda simultaneamente na Austrália ou Canadá (cuja lista de profissões em demandas é também similar à lista do Miami Herald) à escolher o Brasil como destino é a grande dificuldade (minha, pelo menos). Principalmente profissionais Europeus ou Americanos (sem elitismo), que têm o inglês como primeira ou segunda língua (e não o português).

Nessa questão idiomática, mesmo comparando-se com outras economias emergentes, tais como Índia e Africa do Sul (Os “I” e “S” do BRICS), o Brasil fica em desvantagem, já que esses países têm o inglês como (uma das) suas línguas oficiais.

Na “parte 2” desse post conto um pouco da experiência que tive com estrangeiros trabalhando no Brasil (de professores à colegas de trabalho) e algumas conversas que tive com Europeus e Sul-Americanos que moram aqui na Austrália, e que tiveram oportunidades de imigrar para o Brasil, mas preferiram a Austrália. Já na “parte 3” coloco algumas idéias do que fazer para atrair mais profissionais ao Brasil.

Vale a pena estudar aqui? Parte 3

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Nessa terceira e última parte do post gostaria de falar um pouco sobre as minhas intenções em termos de estudo por aqui; também um pouco mais da minha experiência efetivamente como estudante nos últimos meses.

Como já devo ter deixado transparecer anteriormente, ter uma experiência diferente em várias frentes é o que venho buscando por aqui. E no quesito ‘estudo’ a Austrália é um lugar dos mais interessantes pela quantidade de estudantes estrangeiros que a gente encontra no dia-a-dia; e os professores parecem usar esse fator de maneira adequada. A primeira disciplina que cursei aqui se chamava “Global Project Management” e a turma tinha pouco menos de 30 alunos – a parte interessante é que os alunos vinham de 14 países diferentes e, numa disciplina onde se foca em diferenças culturais e métodos de trabalho, ter pessoas de tantos locais distintos é um grande ganho.  Além disso, nos trabalhos em grupo, o professor que por sinal era brasileiro, fez questão de dividir os grupos de tal modo que essa diversidade fosse usada da melhor maneira possível.

Esse ganho indireto é difícil de ser medido tanto em termos de custo quanto em termos de qualidade da Universidade, mas com certeza foi um dos pontos que mais me agregou. Poder discutir assuntos profissionais com pessoas que tiveram experiências tão diferentes ao longo da carreira é muito interessante. Os componentes do meu grupo em particular iam desde uma russa que estudou na União Soviética na década de 80 à um Colombiano que trabalhava de faxineiro na própria Universidade até obter uma bolsa de estudo e patrocínio de uma empresa para trabalhar na área de gerenciamento de projetos.

É esse também o tipo de ganho que eu vim buscar aqui e por enquanto está dando certo.

Vale a pena estudar aqui? Parte 2

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Argumentei na primeira parte que o custo elevado do ensino aqui é um dos fatores para muitos Australianos optarem por não cursar uma faculdade ou fazer uma pós-graduação. Se a maior parte dos cidadãos crê que esses custos são elevados, isso te levaria a acreditar que exista um movimento ou pressão governamental para que esses custos baixem, certo? Errado. Um exemplo é o curso que vou fazer ano que vem, que teve um aumento de 15% em seu custo de 2011 para 2012.

A Austrália tem 3 universidades entre as 50 melhores do mundo – 8 entre as 200 melhores. E se você parar pra pensar creio que os custos (pelo menos para esse nível de universidade que estamos tratando nesse post) não são tão elevados assim. Use esse mesmo ranking como parâmetro e procure os preços nas universidades de ranking similar em outros países do mundo, principalmente Japão, Estados Unidos e Inglaterra e verá que o custo delas é razoavelmente maior. Isso acaba atraindo uma quantidade muito grande de estudantes estrangeiros para a Austrália, um negócio que movimentou mais de 4 bilhões de dólares no ano de 2010 por aqui. Educação é sim um ótimo produto de exportação para esse país.

O governo Australiano incentiva os estudantes que aqui se formam a permanecerem aqui imigrando como mão-de-obra qualificada (skilled migration), mas muitos desses egressos optam por voltar ao seu país de origem. Não são raros os casos de Chineses que vêm para cá estudar e voltam pra China com oportunidades excelentes de trabalho e tudo mais. O mesmo acontece com outros países da Ásia.

Sob esse ponto de vista, vale muito a pena estudar por aqui. O custo-benefício é interessante ao meu ver: uma pós graduação de 2 anos na Universidade de Sydney vai te custar entre 25 e 30 mil dólares, ou seja, um pouco mais de mil dólares por mês (diluindo esse valor em 24 meses) – Esse é um valor muito próximo ao que se pagaria na maior parte das Universidades particulares do Brasil, mas você estaria estudando em uma Universidade de qualidade melhor (segundo esse ranking). Isso sem contar algumas vantagens indiretas referentes a experiência de morar fora do Brasil, entre outras coisas.

Na Parte 1 comentei também que o salário pago por empregos que exigem uma qualificação menor não é de todo ruim. Mas a verdade é que a concorrência acaba sendo bem maior para essas posições também. Isso porque você concorre com todo tipo de cidadão e imigrantes (legais ou ilegais), justamente pelo fato de uma qualificação maior não ser exigida. Estudantes podem trabalhar legalmente 20 horas por semana, mas em muitos restaurantes, cafés, empresas de limpeza, etc. o imigrante ilegal também acaba por ter oportunidades, já que o pagamento é feito normalmente em dinheiro ao final do dia.

Pelo que eu pude vivenciar até agora vale a pena ser uma pessoa qualificada profissionalmente aqui na Austrália, independentemente se você conseguiu essa qualificação aqui ou não. A demanda de recursos especializados é grande ainda (o que não te garante um emprego logo com certeza; muitos fatores dificultam principalmente o primeiro emprego do imigrante por aqui, mas isso é um assunto para um post diferente) e são esses os imigrantes nos quais os governos confia para alavancar a economia Austrália e tornar esse país economicamente relevante na região da Ásia-Pacífico.

Na terceira e última parte desse post conto o que espero exatamente atingir pessoalmente por aqui com o curso que inicio em poucas semanas.

Vale a pena estudar aqui? Parte 1

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Existe um grupo de discussão no Linkedin para brasileiros profissionais de TI na Austrália e, recentemente, um dos tópicos me interessou bastante, pois se aplicava justamente ao meu momento atual por aqui. O tópico era algo como “Vale a pena pagar 30 mil dólares por um mestrado na Austrália”. A resposta não é tão simples quanto parece e vou quebrá-la em 3 partes; a primeira argumentando pontos contra, a segunda a favor e no terceiro a minha opinião em particular.

Confesso que até hoje não entendi muito bem como funcionam as coisas por aqui com relação a ensino superior. Até onde eu entendo um curso universitário é bastante caro por aqui (pelo menos na visão do Australiano) e não existem faculdades gratuitas – Se alguém tiver alguma informação diferente, por favor, me corrija, mas pelos menos nas universidades mais conceituadas com certeza absoluta todos os cursos são pagos. O que cidadãos Australianos podem conseguir é uma espécie de financiamento do estudo para ser quitado ao longo de um tempo maior. Existe algo similar no Brasil também.

Por conta disso, existem muitos alunos que após o high school optam por um curso técnico (Certificate III ou IV), depois um diploma. E com isso conseguem equivalência em algumas disciplinas na universidade barateando um pouco o custo total. Para residentes e cidadãos esses cursos tem um preço muito baixo, sendo de fato uma taxa de administração somente – em torno de 500 dólares por semestre.

A verdade é que muitas das pessoas com as quais tive oportunidade de trabalhar aqui na Austrália não possuem formação universitária e as justificativas são várias, mas acredito que as principais sejam relacionadas à situação econômica do país. Em um país onde a desigualdade social é pequena, as diferenças salariais entre cargos de uma mesma profissão são pequenas. Na minha área de atuação a diferença salarial entre um analista de sistemas pleno (com cerca de 5 anos de experiência e sem necessariamente um curso superior) para um gerente de desenvolvimento ou mesmo de projetos fica em torno de 30 à 40%, mas para esse tipo de cargo as exigências em termos de formação e experiência são maiores. Se você olhar então somente por esse prisma, é fácil entender que a resposta para a pergunta “Por que você não fez faculdade / pós-graduação?” seja algo como: “Porque não vale a pena”.

No Brasil a diferença salarial entre esses cargos que eu mencionei, pelo menos nas empresas que trabalhei, gira em torno dos 300%, ou seja, um gerente de desenvolvimento ganha pelo menos o triplo de um analista pleno.

Aqui na Austrália, mesmo se você pegar profissões consideradas sub-empregos no Brasil, você consegue manter um nível razoável de vida e com um salário que não pode ser considerado pouco. Um barista (o cara que faz o café) de uma loja Starbucks aqui ganha 25 dólares por hora. Em uma conta bem por cima, isso daria em torno de 3,5 à 4 mil dólares por mês. Um analista de sistemas pleno ganha em torno de 6 à 7 mil e um gerente de projetos entre 8 à 10 mil. Se você considerar que o percentual de Imposto de Renda que incide no salário do gerente é maior que a do barista, a diferença salarial percentual líquida é ainda menor que a bruta.

O custo de vida em Sydney é muito, mas muito mais alto que no Brasil. Então não se deixe enganar simplesmente por esses números, convertendo os valores pra reais e achar que ganhar 6 mil reais pra servir café é o melhor negócio do mundo. Mas o ponto é: um curso de barista custa 300 dólares e dura um dia; uma faculdade dura em torno de 4 anos e vai custar em torno de 50 mil dólares talvez e uma pós-graduação vai te custar mais uns 30 mil dólares e tomar mais 2 anos da sua vida.

Baseado nisso então, pessoas que encaram a educação como apenas um investimento e/ou tem por objetivo levar uma vida mais tranquila, sem muito stress, tendo um emprego que “pague as contas” somente, vão responder “Não” para a questão título desse post. Isso acarreta em um certo custo social, já que mão-de-obra especializa vai ser sempre algo escasso no país – acredito ser um dos motivos de imigração qualificada ser uma das maiores portas de entrada de imigrantes nesse país. Algumas profissões são então exercidas por profissionais pouco qualificados na área ou por alguém que cobre muito caro pelo serviço – nenhum dos dois cenários me parece o ideal.

Na Parte 2 argumento pontos em favor do estudo por aqui.

Trabalhar na Nova Zelândia

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A Nova Zelândia é um país com apenas 4 milhões de habitantes, mas de vez em quando aparecem algumas oportunidades de trabalho interessantes por lá. Até recentemente eu não sabia disso, mas ao que parece residentes permanentes Australianos podem trabalhar normalmente na Nova Zelândia. Essa é a informação presente no site de imigração neo zelandês:

You do not need a work visa to work in New Zealand if you are:

  • a New Zealand citizen or you hold a New Zealand residence class visa, or
  • an Australian citizen, or the holder of a current Australian permanent residence visa including a current Australian resident return visa. (If there are conditions on your residence visa/resident return visa, then you will require a work visa.)

Não deixa de ser interessante e uma oportunidade nova pra quem tiver interesse.

O link para o site de imigração da Nova Zelândia que contém essa informação é esse aqui.

Seis meses na Austrália

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Pois é, o tempo passou rápido mesmo. Essa semana completam seis meses que a gente nos mudou pra cá! Esse primeiro semestre foi bastante intenso e pode ser divididos em basicamente duas fases na minha opinião:

A primeira foi quando a gente chegou por aqui e ainda não tinha nem casa, nem emprego, nem nada basicamente. Foi um período interessante onde era absolutamente tudo novo e a cada minuto que passava uma coisa nova era aprendida – estavamos focados em conseguir toda a nossa documentação, abrir conta em banco, conhecer a cidade, definir o bairro que queríamos morar, achar efetivamente um apartamento, conhecer novas pessoas, rever velhos amigos … e conseguir um emprego .

A segunda fase começou depois do emprego australiano arrumado. Pra mim foi bastante interessante participar dos processos de seleção locais, que em vários aspectos são bem diferentes dos brasileiros. Além disso, vivenciar um ambiente de trabalho diferente, ter que abrir minha própria empresa, entender da tributação local e discutir alguns detalhes com o contador e, principalmente, participar de um projeto do começo ao fim em um país totalmente novo foi muito importante. De qualquer forma conciliar dois empregos não foi/é das tarefas mais simples e é algo que eu não recomendo!

Ainda durante a segunda fase se deu a busca da nossa casa por aqui, as dificuldades pra alugar um imóvel, compra dos móveis, eletrodomésticos etc. Não é fácil pra quem vem de uma cidade grande do Brasil se acostumar com o ritmo muito lento que as coisas acontecem por aqui. Apesar de Sydney ser uma cidade enorme, as coisas no país acontecem de maneira muito vagarosa; tudo fecha muito cedo; tudo demora pra ser entregue; o customer care de todo tipo de serviço é muito pior que o brasileiro e na maioria das vezes tudo é muito caro. Foi uma batalha pra termos nossos móveis entregues (sofá foi entregue com 2 meses de atraso), nossos celulares habilitados numa conta pós-paga (o da Tati demorou 5 meses) e nossa internet funcionando em casa (quase 2 meses pagando sem a internet funcionar).

A segunda fase está terminando. Mês que vem se encerra meu contrato de trabalho local e decidi por não renovar, vou ficar com o meu trabalho remoto pra Stefanini/Dell somente. Também no mês de julho se encerra o curso atual de inglês da Tati. Recebi muitos “conselhos” de que talvez não fosse essa a melhor decisão, que caso eu optasse por ficar num emprego local (ao invés de um emprego remoto no Brasil) eu ganharia um salário melhor e me acostumaria mais rápido com a cultura local, idioma, etc.

Financeiramente falando é verdade, mas meu objetivo maior aqui nunca foi ganhar mais, nem ficar “rico”. Na questão de adaptação a cultura local eu acredito que existem muitos outros aspectos, além do profissional, que eu ainda preciso e quero conhecer. Além disso, já tive minha experiência profissional e já paguei muito (muito mesmo!) imposto aqui esse ano. Fora que ainda não aprendi a surfar, não sei dirigir do lado errado ainda e nem sequer vi um canguru! Tenho muita coisa fora do trabalho pra fazer aqui ainda.

Meu foco agora então será conhecer e aproveitar um pouco mais a cidade e o país (já temos algumas viagens programadas até o final do ano), quero fazer mestrado ano que vem e para isso preciso estudar inglês e tirar uma boa nota no IELTS acadêmico. Preciso tirar carteira de motorista e comprar um carro, já que simplesmente não dá pra contar com transporte público nos finais de semana por aqui. E claro, quero voltar a jogar tênis o quanto antes – existem duas academias de tênis bem legais perto de casa e esse é um dos objetivos principais da terceira fase! Espero que seja um bom segundo semestre.

Emprego(s)

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Muita coisa pra colocar em dia aqui no blog – vamos por ordem de acontecimento.

Emprego.

Antes de sair do Brasil eu já tinha conseguido acertar um contrato de prestação de serviços com a Dell no Brasil via Stefanini, no qual eu trabalharia de remotamente aqui da Austrália, o que foi ótimo pra mim. Consegui acertar um salário que eu acreditava ser suficiente pra viver por aqui e, apesar do preço absurdo de muitas coisas por aqui, ainda acredito que seja suficiente. E além de tudo continuaria trabalhando para um lugar que eu já conheço e com pessoas que eu gosto.

Eu acreditava estar tudo em ordem, mas a verdade é que um vínculo empregatício no Brasil não serve como comprovação de renda para absolutamente nada aqui e isso estava começando a me prejudicar um pouco já. Nenhuma aplicação para locação de apartamento estava sendo aprovada com essa justificativa e nem mesmo um celular pós-pago eu estava conseguindo comprar. Todos os corretores de imóveis nos deram basicamente o mesmo feedback: Sem um emprego local e sem histórico de locação eu não ia conseguir nada.

Voltei então a entrar em contato com alguns dos recrutadores com os quais eu já havia conversado anteriormente enquanto estava no Brasil. A recepção foi super boa e em menos de uma semana acabaram surgindo oportunidades interessantes de trabalho, que me dariam um subsídio financeiro bom para poder alugar um apartamento e que também me permitiriam manter o meu trabalho remoto para a Dell.

A proposta aceita foi de um projeto de 6 meses na Australian Hearing, uma empresa que fabrica aparelhos para surdez. É uma empresa bastante interessante, que provê esse tipo de aparelho somente para pessoas abaixo de 21 anos ou acima de 65 e que recebe o pagamento dos aparelhos direto do governo via sistema público de saúde.

Sim! Aqui os aparelhos de audição, que custam entre 1,5 e 10 mil dólares, também são providos gratuitamente pelo governo, pelo menos para essa faixa da população.

O dia-a-dia vem sendo bastante corrido, já que passo toda a manhã na empresa e também o início da tarde. Chego em casa e inicio então minha segunda jornada de trabalho até mais ou menos a meia-noite.

Tem sido cansativo, mas tem valido a pena. Tenho conseguido conciliar um pouco de experiência no mercado de trabalho local, com um salário extra em dólar, com meu trabalho anterior.