Ao final de 2013 foi o publicado o resultado to PISA (Programme for International Student Assessment), um estudo que visa categorizar e ranquear a educação dos países em quesitos como matemática, leitura (compreensão e interpretação de textos), raciocínio lógico, entre outros aspectos.
Muito se falou e discutiu os resultados Australianos por aqui, devido ao fato de a performance do país ter piorado consideravelmente quando se compara com a última pesquisa em 2003. É claro que a queda é preocupante – toda piora de rendimento é preocupante – mas é interessante analisar os dados e decidir o que efetivamente deve (ou se precisa) ser feito. Vamos primeiro ao gráfico comparativo, que foi o que causou maior desgaste, com parte da imprensa chegando a dizer que o resultado apenas mostra a idiotização da geração atual (o termo usado em inglês foi dumbing down of a generation).
O gráfico é cruel e mostra uma queda acentuada em todos os quesitos em praticamente todos os estados Australianos. Mas vamos à uma análise dos pontos realmente negativos e ressaltar os pontos positivos.
Em 2003 a Austrália figurava em quarto lugar em leitura e sexto em ciências. Respectivamente essas posições cairam para décimo-terceiro e décimo-sexto. Ainda assim excelentes resultados e razoalvente acima da média dos países desenvolvidos. O dado efetivamente negativo aqui é que o gasto (público) com educação na Austrália aumentou 44% na última década e isso de maneira alguma refletiu em melhora de resultado no ranking. É bom enfatizar que a antiga primeira-ministra era antes ministra da educação e colocou como objetivo estar no top 5 em todos os quesitos na pesquisa a ser realizada em 2025 – certamente os dados estão indo no caminho contrário.
A pesquisa mostra também um péssimo dado pros objetivos Australianos como sociedade, que é diminuir a disparidade entre pessoas de origem aborígene e de não-aborígenes. A pesquisa mostra um déficit médio de dois anos e meio (em tempo de educação) para os jovens aborígenes.
A questão que é então colocada pela imprensa é se o dinheiro está sendo usado de maneira correta e com foco em atingir os objetivos definidos anteriormente. É um ponto válido com certeza, mas o diretor do Melbourne-based Education Standards Institute (Dr. Kevin Donnelly) coloca o seguinte contraponto:
Todos os países no top 5 são asiáticos, cujo modelo de estudo é altamente acadêmico, rígido, focado em ciências exatas e com um plano bem definido de resultados (acadêmicos) a ser atingidos. Além disso os professores em tais países são vistos como autoridades e respeitados como tal. Na Austrália isso é bem diferente – o barulho em sala de aula foi um dos pontos levantados pela pesquisa, assim como a falta de autoridade dos professores em sala de aula.
O plano de ensino na Austrália é mais desestruturado. Não existe aula de gramática normalmente, o que causou um resultado em princípio surpreendente no PISA: 14% dos estrangeiros foram considerados como top-performers em leitura e o mesmo aconteceu para somente 10% dos jovens nascidos na Austrália.
O que o Dr. Donnelly questiona é se vale a pena abandonar um modelo construtivista, onde o professor é um ‘guia’ e o processo de aprendizagem é mais importante que o conteúdo em si, visando um modelo mais asiático. Ele acredita que não. Ele defende no entanto uma diminuição na burocracia como parte do trabalho do professor – argumenta que em Cingapura os professores têm muito mais tempo disponível para atuarem como mentores de outros professores e desenvolverem estratégias de ensino mais eficazes.
Outro ponto importante da educação de Cingapura é citado no que se refere ao investimento – e é visto como fator de sucesso – que é o foco em crianças com dificuldades de aprendizado principalmente no primeiro ano de estudo. Fazer com que esse estudante se recupere o quanto antes, não ficando pra trás, é visto como fundamental para o sucesso do modelo educacional.