Funerárias

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É interessante, e até certo ponto impressionante, a quantidade de propagandas na TV de seguros e planos funerários por aqui. Não me lembro de algo similar no Brasil – pelo menos não com tamanha intensidade.

Os seguros funerários são normalmente produtos das seguradoras em si e são reclames até certo ponto “alegres”, como se estivessem sendo vendidos um seguro de saúde qualquer ou mesmo um plano de férias! Algumas são alegres até demais.

Os planos e serviços funerários já são produtos das próprias funerárias e essas são propagandas bem mais tristes por assim dizer, normalmente apenas com um único apresentador falando sobre o serviço. Mas existem várias e elas estão toda hora na televisão. Existe uma até uma funerária cujos serviços são feitos somente por mulheres, tendo como intenção dar um toque feminino nos serviços – muito bizarro. E a propaganda na TV também é bizarra – aqui o link pro vídeo.

Vale a pena estudar aqui? Parte 2

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Argumentei na primeira parte que o custo elevado do ensino aqui é um dos fatores para muitos Australianos optarem por não cursar uma faculdade ou fazer uma pós-graduação. Se a maior parte dos cidadãos crê que esses custos são elevados, isso te levaria a acreditar que exista um movimento ou pressão governamental para que esses custos baixem, certo? Errado. Um exemplo é o curso que vou fazer ano que vem, que teve um aumento de 15% em seu custo de 2011 para 2012.

A Austrália tem 3 universidades entre as 50 melhores do mundo – 8 entre as 200 melhores. E se você parar pra pensar creio que os custos (pelo menos para esse nível de universidade que estamos tratando nesse post) não são tão elevados assim. Use esse mesmo ranking como parâmetro e procure os preços nas universidades de ranking similar em outros países do mundo, principalmente Japão, Estados Unidos e Inglaterra e verá que o custo delas é razoavelmente maior. Isso acaba atraindo uma quantidade muito grande de estudantes estrangeiros para a Austrália, um negócio que movimentou mais de 4 bilhões de dólares no ano de 2010 por aqui. Educação é sim um ótimo produto de exportação para esse país.

O governo Australiano incentiva os estudantes que aqui se formam a permanecerem aqui imigrando como mão-de-obra qualificada (skilled migration), mas muitos desses egressos optam por voltar ao seu país de origem. Não são raros os casos de Chineses que vêm para cá estudar e voltam pra China com oportunidades excelentes de trabalho e tudo mais. O mesmo acontece com outros países da Ásia.

Sob esse ponto de vista, vale muito a pena estudar por aqui. O custo-benefício é interessante ao meu ver: uma pós graduação de 2 anos na Universidade de Sydney vai te custar entre 25 e 30 mil dólares, ou seja, um pouco mais de mil dólares por mês (diluindo esse valor em 24 meses) – Esse é um valor muito próximo ao que se pagaria na maior parte das Universidades particulares do Brasil, mas você estaria estudando em uma Universidade de qualidade melhor (segundo esse ranking). Isso sem contar algumas vantagens indiretas referentes a experiência de morar fora do Brasil, entre outras coisas.

Na Parte 1 comentei também que o salário pago por empregos que exigem uma qualificação menor não é de todo ruim. Mas a verdade é que a concorrência acaba sendo bem maior para essas posições também. Isso porque você concorre com todo tipo de cidadão e imigrantes (legais ou ilegais), justamente pelo fato de uma qualificação maior não ser exigida. Estudantes podem trabalhar legalmente 20 horas por semana, mas em muitos restaurantes, cafés, empresas de limpeza, etc. o imigrante ilegal também acaba por ter oportunidades, já que o pagamento é feito normalmente em dinheiro ao final do dia.

Pelo que eu pude vivenciar até agora vale a pena ser uma pessoa qualificada profissionalmente aqui na Austrália, independentemente se você conseguiu essa qualificação aqui ou não. A demanda de recursos especializados é grande ainda (o que não te garante um emprego logo com certeza; muitos fatores dificultam principalmente o primeiro emprego do imigrante por aqui, mas isso é um assunto para um post diferente) e são esses os imigrantes nos quais os governos confia para alavancar a economia Austrália e tornar esse país economicamente relevante na região da Ásia-Pacífico.

Na terceira e última parte desse post conto o que espero exatamente atingir pessoalmente por aqui com o curso que inicio em poucas semanas.

Vale a pena estudar aqui? Parte 1

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Existe um grupo de discussão no Linkedin para brasileiros profissionais de TI na Austrália e, recentemente, um dos tópicos me interessou bastante, pois se aplicava justamente ao meu momento atual por aqui. O tópico era algo como “Vale a pena pagar 30 mil dólares por um mestrado na Austrália”. A resposta não é tão simples quanto parece e vou quebrá-la em 3 partes; a primeira argumentando pontos contra, a segunda a favor e no terceiro a minha opinião em particular.

Confesso que até hoje não entendi muito bem como funcionam as coisas por aqui com relação a ensino superior. Até onde eu entendo um curso universitário é bastante caro por aqui (pelo menos na visão do Australiano) e não existem faculdades gratuitas – Se alguém tiver alguma informação diferente, por favor, me corrija, mas pelos menos nas universidades mais conceituadas com certeza absoluta todos os cursos são pagos. O que cidadãos Australianos podem conseguir é uma espécie de financiamento do estudo para ser quitado ao longo de um tempo maior. Existe algo similar no Brasil também.

Por conta disso, existem muitos alunos que após o high school optam por um curso técnico (Certificate III ou IV), depois um diploma. E com isso conseguem equivalência em algumas disciplinas na universidade barateando um pouco o custo total. Para residentes e cidadãos esses cursos tem um preço muito baixo, sendo de fato uma taxa de administração somente – em torno de 500 dólares por semestre.

A verdade é que muitas das pessoas com as quais tive oportunidade de trabalhar aqui na Austrália não possuem formação universitária e as justificativas são várias, mas acredito que as principais sejam relacionadas à situação econômica do país. Em um país onde a desigualdade social é pequena, as diferenças salariais entre cargos de uma mesma profissão são pequenas. Na minha área de atuação a diferença salarial entre um analista de sistemas pleno (com cerca de 5 anos de experiência e sem necessariamente um curso superior) para um gerente de desenvolvimento ou mesmo de projetos fica em torno de 30 à 40%, mas para esse tipo de cargo as exigências em termos de formação e experiência são maiores. Se você olhar então somente por esse prisma, é fácil entender que a resposta para a pergunta “Por que você não fez faculdade / pós-graduação?” seja algo como: “Porque não vale a pena”.

No Brasil a diferença salarial entre esses cargos que eu mencionei, pelo menos nas empresas que trabalhei, gira em torno dos 300%, ou seja, um gerente de desenvolvimento ganha pelo menos o triplo de um analista pleno.

Aqui na Austrália, mesmo se você pegar profissões consideradas sub-empregos no Brasil, você consegue manter um nível razoável de vida e com um salário que não pode ser considerado pouco. Um barista (o cara que faz o café) de uma loja Starbucks aqui ganha 25 dólares por hora. Em uma conta bem por cima, isso daria em torno de 3,5 à 4 mil dólares por mês. Um analista de sistemas pleno ganha em torno de 6 à 7 mil e um gerente de projetos entre 8 à 10 mil. Se você considerar que o percentual de Imposto de Renda que incide no salário do gerente é maior que a do barista, a diferença salarial percentual líquida é ainda menor que a bruta.

O custo de vida em Sydney é muito, mas muito mais alto que no Brasil. Então não se deixe enganar simplesmente por esses números, convertendo os valores pra reais e achar que ganhar 6 mil reais pra servir café é o melhor negócio do mundo. Mas o ponto é: um curso de barista custa 300 dólares e dura um dia; uma faculdade dura em torno de 4 anos e vai custar em torno de 50 mil dólares talvez e uma pós-graduação vai te custar mais uns 30 mil dólares e tomar mais 2 anos da sua vida.

Baseado nisso então, pessoas que encaram a educação como apenas um investimento e/ou tem por objetivo levar uma vida mais tranquila, sem muito stress, tendo um emprego que “pague as contas” somente, vão responder “Não” para a questão título desse post. Isso acarreta em um certo custo social, já que mão-de-obra especializa vai ser sempre algo escasso no país – acredito ser um dos motivos de imigração qualificada ser uma das maiores portas de entrada de imigrantes nesse país. Algumas profissões são então exercidas por profissionais pouco qualificados na área ou por alguém que cobre muito caro pelo serviço – nenhum dos dois cenários me parece o ideal.

Na Parte 2 argumento pontos em favor do estudo por aqui.

Trabalhar na Nova Zelândia

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A Nova Zelândia é um país com apenas 4 milhões de habitantes, mas de vez em quando aparecem algumas oportunidades de trabalho interessantes por lá. Até recentemente eu não sabia disso, mas ao que parece residentes permanentes Australianos podem trabalhar normalmente na Nova Zelândia. Essa é a informação presente no site de imigração neo zelandês:

You do not need a work visa to work in New Zealand if you are:

  • a New Zealand citizen or you hold a New Zealand residence class visa, or
  • an Australian citizen, or the holder of a current Australian permanent residence visa including a current Australian resident return visa. (If there are conditions on your residence visa/resident return visa, then you will require a work visa.)

Não deixa de ser interessante e uma oportunidade nova pra quem tiver interesse.

O link para o site de imigração da Nova Zelândia que contém essa informação é esse aqui.

Brasileiros segundo o Censo

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O último Censo apontou um número pouco maior de 7,500 brasileiros morando na Austrália.

Achava que o número seria bem maior que esse.

O número maior de sul-americanos aqui é de Chilenos – interessante.

Carteira de Motorista – Parte 2

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Finalmente a segunda parte do post “Carteira de Motorista”. Dessa vez não foi preguiça em escrever um novo post e sim porque só agora consegui passar na prova prática e tenho alguma coisa digna de ser compartilhada!

Fiz a primeira prova prática no mês de Setembro. Sabia bem das muitas diferenças nas regras de trânsito por aqui e tudo mais e por isso resolvi fazer algumas (que se tornariam várias) aulas de direção. Adaptar-se a mão inglesa foi um pouco complicado, mas com certeza a dificuldade maior foi adaptar-me às regras necessárias para se dirigir por aqui, mesmo que seja só para passar no teste. Livrar-se de vícios como o de por a mão por dentro do volante, ou ficar com uma das mão sobre o câmbio o tempo todo, não são tão simples de se livrar – mas fazem você ser reprovado no exame.

Virar a cabeça para checar o chamado ponto-cego a cada curva, frear e olhar para os dois lados mesmo no sinal verde, estacionar o carro olhando somente para trás (sem ser pelo retrovisor) não cruzando uma mão sobre a outra no volante também são hábitos difíceis de se adquirir – mas também te reprovam no exame prático.

Apesar disso muitas coisas cobradas no exame fazem sentido e, pelo menos quando eu me habilitei no Brasil, não eram cobradas nos exames e nem ensinadas nas auto escolas. Coisas simples e importantes como: sempre checar no retrovisor a distância do carro de trás antes de frear no sinal amarelo, checar a distância do carro de trás antes de sinalizar mudança de faixa, dar  um tempo mínimo para se mudar de faixa (aqui é de 3 segundos), prioridade dos pedestres em diversas situações, etc. São coisas “básicas” que sempre reclamamos que os outros não fazem, mas que algumas vezes também nos esquecemos de fazer.

Voltando ao dia da minha primeira prova prática então. Dei azar de pegar um examinador que tem uma certa briga com a instrutora que me deu aulas (ela havia o processado alguns anos atrás por reprovar injustamente um aluno dela – e ganhou – culminando em uma suspensão desse examinador por algumas semanas). Soma-se à isso uma regra velada de que nenhum estrangeiro consegue passar na prova na primeira tentativa (sabe-se lá o motivo disso) e já dava pra prever o resultado: reprovação no exame prático.

A justificativa oficial do examinador foi que eu não reduzi a velocidade em 3 sinais verdes durante o exame, que durou 65 minutos (o padrão é de 45 minutos). Minha palavra contra a dele e nada podia ser feito.

A verdade é que o processo de habilitação aqui é longo e cansativo para o Australiano. Você passa o primeiro ano todo com uma carteira de aprendiz (“learner”) e tem que dirigir sempre acompanhado de um tutor (alguém que tenha uma licença “full”), além de andar com adesivos com a letra “L” visíveis no carro. Após esse período você deve passar por um período de 2 anos com uma carteira provisória – nesse ponto você já pode dirigir sozinho e troca-se a letra “L” pela “P” nos adesivos, mas ainda assim algumas regras são diferentes do habilitado “full”, tais como limite de velocidade e a proibição de consumo de álcool em qualquer nível. Somente depois desse período o Australiano é elegível a fazer o exame prático para a licença “full”.

Um estrangeiro habilitado em seu país de origem pode fazer diretamente esse teste e receber a “full licence”. Esse também é um dos motivos dos examinadores dificultarem a vida dos estrangeiros na prova prática.

Demorei um pouco para a segunda tentativa, até porque as aulas são caras (100 dólares por 1 hora e meia), assim como a prova em si (50 dólares da prova e mais 180 dólares para o instrutor te levar e buscar do local do exame).  Somente dois dias atrás fiz a minha segunda tentativa. Estava chovendo bastante no horário do teste e achei que isso poderia me prejudicar, mas foi o contrário. O trânsito na região ficou muito pesado por conta da chuva e acabei dirigindo bem menos do que o padrão para os 45 minutos. Quanto menos se anda menor a chance de cometer algum tipo de erro. Além disso era um examinador diferente, o que pelo menos me garantiria uma avaliação mais justa.

Nessa segunda tentativa sei que tive alguns erros que foram relevados pelo examinador. Percebi que passei do limite de velocidade em um trecho e em um dos momentos, com o carro estacionado, acabei acelerando antes de trocar de N pra D o câmbio automático (você pode optar por fazer a prova em carro automático ou mecânico – para o Australiano seguindo o fluxo normal de habilitação, fazer a prova em carro automático somente te dá direito de guiar carros com transmissão automática. Fazer a prova em carro com transmissão manual te dá direito de dirigir ambos – o mesmo não ocorre para o estrangeiro habilitado, ou seja, mesmo que você faça a prova com carro automático, você tem direito de dirigir carros manuais também).

Dessa vez acredito que tenha tido motivos para ser reprovado, mas não fui. Você não recebe o resultado na hora – você é levado de volta para dentro do RTA e o examinador termina de preencher e assinar sua ficha de avaliação. Somente depois disso ele te chama no balcão para te dar o resultado. Ouvir um “Congratulations” dele foi um alívio e até uma certa surpresa!

A verdade é que fiquei muito mais feliz essa semana ao receber minha carteira de motorista aos 32 anos de idade do que quando recebi minha primeira habilitação 15 anos atrás!

IELTS Acadêmico e Mestrado

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Um dos meus objetivos aqui na Austrália era o de fazer uma pós-graduação em uma das universidades daqui. As universidades mais conceituadas do país estão sempre entre as 100 melhores do mundo no ranking anual universidades. Além disso, o ensino é um dos negócios mais lucrativos do país, movimentando mais de 4 bilhões de dólares no ano passado – serve como uma espécie de produto de exportação e existem até mesmo algumas universidades exclusivas para estudantes internacionais (que normalmente pagam taxas mais altas do que residentes e cidadãos).

Depois de algum tempo de pesquisa optei pelo Master of Project Management da Universidade de Sydney. O processo de seleção no fundo é bastante simples, mas muito subjetivo. Você deve enviar cópias autenticadas e traduzidas do seu diploma da graduação, do seu histórico escolar, alguns documentos que comprovem sua legalidade no país, uma cópia atualizada de seu currículo e uma prova de proficiência em inglês, que no caso pode ser o IELTS acadêmico. Depois disso é só aguardar o resultado.

A versão acadêmica do IELTS era o documento que faltava para eu completar minha aplicação. Como mencionado anteriormente, estudar na Austrália é  um excelente negócio no país – por esse motivo datas e locais disponíveis para se fazer as provas do IELTS não são problema. No Brasil as datas e locais são bastante escassas – Em Porto Alegre, onde fiz a versão General para a imigração, só existiam duas datas por ano e as provas somente eram realizadas em uma das unidades da Cultura Inglesa. Aqui o cenário é bem diferente.

Fiz a minha prova na Macquarie University, que é a mais perto aqui de casa. Somente na minha sala haviam 200 pessoas fazendo a prova – um dos inspetores disse que a expectativa era de 2 mil pessoas fazendo a prova somente naquela universidade naquele dia. No dia em que fiz a prova no Brasil não creio que tinham mais de 50 pessoas realizando o exame.

Confesso que não estudei muito por já conhecer bem a estrutura da prova e acabei indo bem com uma nota geral de 7.5 (A nota mínima para aplicação nas universidades é de 6.5).

De posse do resultado do IELTS completei minha aplicação na Universidade de Sydney. Não sabia bem o que esperar do processo e de como minha aplicação seria vista, já que minha formação é em Física, minha pós-graduação em Engenharia de Software, minha experiência profissional na área de programação e minha aplicação era na área de gerenciamento de projetos – tinha algum receio de como isso seria interpretado. Além disso, não achei informação alguma sobre número de candidatos por vaga ou alguma explicação de pessoas que porventura tiveram suas aplicações recusadas.

No fim deu tudo certo e cerca de um mês após submeter minha aplicação recebi a carta-oferta da universidade. A matrícula propriamente dita só será feita em Fevereiro de 2012 – até lá preciso definir quais disciplinas cursar no primeiro semestre e qual especialização quero seguir. Estou animado – espero que o curso seja interessante.