” (…)Ah!
Eu devia estar sorrindo
E orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa…
Eu devia estar contente
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado…
Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto “e daí?”
Eu tenho uma porção
De coisas grandes prá conquistar
E eu não posso ficar aí parado… (…)”
Raul Seixas – Ouro de Tolo
Minha decisão de deixar o Brasil e ir viver na Austrália parece ter causado um certo espanto em muitas das pessoas que me cercam. Os principais argumentos que ouço são de que eu estou abrindo mão de tudo que eu conquistei no Brasil para começar uma vida do zero em um lugar distante; que muitas pessoas na minha posição não abandonariam o emprego e a estabilidade que tenho pela incerteza do desemprego em um novo país.
Não vejo dessa forma. Minhas verdadeiras conquistas estarão sempre comigo, onde quer que eu esteja. Não tenho como abrir mão delas:
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As experiências profissionais que tive jamais serão perdidas. Foram elas que ajudaram a moldar o profissional que eu sou hoje. Sendo assim, para sempre farão parte da minha vida.
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Minha formação acadêmica – motivo de orgulho para mim e minha família – estará sempre presente no meu caráter, no meu conhecimento e modo de agir. E estará fisicamente representada nos diplomas pendurados na parede do quarto.
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O convívio com os amigos que conquistei ao longo dos anos também ajudou a formar a pessoa que sou hoje. Aprendi muito com todos e certamente me espelhei em vários deles. Não é porque estou morando longe que meu contato com eles deixará de existir. Hoje já estou fisicamente distante de algum deles e isso definitivamente não acabou com nosso contato e com a importância deles em minha vida.
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Além disso, a pessoa que mais amo no mundo estará lá junto comigo.
Uma das perguntas mais clichês em entrevistas de emprego são variações de “Como você se vê em 5 anos?“. A verdade é que eu não penso dessa maneira linear; prefiro responder que meu objetivo é estar sempre o mais bem preparado possível para perceber e aproveitar novas oportunidades. Estar sempre atento às mudanças, estar profissionalmente atualizado para contribuir o máximo possível no atual momento e ser capaz propor inovações e fazer parte delas. Em 5 anos serei o melhor profissional e a pessoa mais correta que as minhas atitudes de hoje me levarem.
Foi com esse pensamento que eu procurei ter a melhor formação acadêmica possível, estudar novos idiomas, trabalhar para empresas mundialmente reconhecidas e atingir importantes certificações profissionais na minha área de atuação.
Uma janela de oportunidade então se abre para mim: um país com índices altíssimos de qualidade de vida buscando sanar uma escassez de mão de obra em uma determinada área – coincidentemente a minha – abre suas portas para profissionais do mundo todo que possuam as características e qualificações necessárias para ajudá-los a resolver esse problema.
Eu tinha os requisitos necessários. Tinha as certificações profissionais necessárias para comprovar minha qualificação em tal área. Havia conseguido também a certificação do idioma inglês por eles exigida. Como então não aproveitar essa oportunidade?
Talvez não tenha sido tão fácil de conseguir como Raul Seixas menciona na música, mas com certeza hoje tenho coisas novas para conquistar e me acomodar nesse momento seria um erro.
Deixar-se apegar por bens materiais e medir seu sucesso na vida por eles também não é correto. Não venci na vida porque tenho um carro do ano, mas sim porque hoje tenho condições de viver as experiências que me propus a buscar, de enxergar as oportunidades que me aparecem e a consciência de nunca me acomodar.
” (…) Ah!
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar… (…) “
http://www.youtube.com/v/cn0S56WPkjQ?fs=1&hl=en_US